Estudo Bíblico

Geração de pastores e obreiros escravos

Ser escravo é não ter direitos apenas deveres, ser escravo é ter que obedecer sem questionar. No dicionário significa: aquele que, privado da liberdade, está submetido à vontade de um senhor, a quem pertence como propriedade.

Esta palavra soa um pouco estranho não? “Pastor Escravo” – Como pode um pastor ser escravo? Porem esta é a realidade de muitos pastores, evangelistas, diáconos(isas) e obreiros(as) de muitas igrejas hoje.

Ser um pastor por vocação é servir a Deus no altar, cuidar das ovelhas de Cristo por amor. O amor é aquilo que impulsiona alguém a ser pastor ou obreiro(a) além do próprio chamado de Deus, bem, pelo menos deveria ser.

Não há duvidas que existam também aqueles que são movidos pela ganância, não pelo amor as ovelhas, mas pelo dinheiro delas, pelo proveito que podem tirar da situação, ao ver os famosos pastores da teologia da prosperidade ostentando uma vida luxuosa, muitos são chamados não por Deus, mas pelo seu próprio ventre.

No entanto não são destes pastores que se trata este artigo, e sim daqueles que de alguma forma se dispõem a dedicar sua vida a pregar o evangelho de Jesus Cristo e a ganhar almas para Deus, onde quer que seja preciso.

Durante séculos, muitos destes pastores, homens de Deus, que um dia foram libertos, curados e salvos pelo sangue do cordeiro, ou simplesmente tiveram um encontro com Deus e foram salvos, atenderam o chamado para pregar as boas novas da salvação, e Deus os usa, sim, Deus é fiel a sua palavra, e estes pastores são tremendamente usados por Deus para anunciar a Cristo.

Enquanto isso na igreja “moderna”

Mas na atual igreja cristã “moderna”, não em todas claro, pois ainda existem muitas igrejas sérias, mas nas chamadas principais igrejas evangélicas neo-pentecostais, aquelas que mais se assemelham a seitas, mudou um pouco isso, um pouco não, muito!

Enquanto Jesus nos evangelhos ensinam seus discípulos a servirem a Deus, estas igrejas ensinam aos seus pastores a servirem a si mesma, a instituição.

Enquanto Jesus ensina que seus discípulos deverão ser conhecidos pelo amor que devem ter de uns para com os outros, estas igrejas ensinam que seus pastores devem ser conhecidos pelo sucesso em suas arrecadações.

Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. João 13:35

Enquanto Jesus ensina a seus discípulos a não disputarem entre si, mas que o maior deve ser como o menor e o menor como o maior, estas igrejas impulsionam seus pastores a brigarem entre si, disputarem entre si as melhores posições e prêmios que poderão receber se forem mais bem sucedidos que outros em suas arrecadações.

Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve. Lucas 22:26

Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina: Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, O coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, A testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.
Provérbios 6:16-19

E assim estas igrejas evangélicas que adotaram a teologia da prosperidade como uma doutrina fundamental para o seu crescimento, ordenam e formam pastores e obreiros escravos, dispostos a servirem não a causa do evangelho, mas a causa da própria instituição.

Estas igrejas não dão oportunidades para que pastores e obreiros possam ser instrumentos de Deus para a pregação do evangelho, mas sim os usam como instrumentos para alcançar seus objetivos próprios de poder e dinheiro.

…também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio; a condenação dos quais já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita.  2 Pedro 2:3

Leia todo o texto: 2 Pedro 2.1-5

O chamado para a obra escravidão

Na sua formação e doutrinação estes jovens pastores aprendem que servir a igreja é o mesmo que servir a Deus. Exatamente aquilo que os sacerdotes da igreja católica ensinavam na idade média, quando pregavam que a vontade da igreja era a vontade Deus, o que proporcionou a chamada “santa inquisição”, é o que ensinam hoje.

Estes jovens pastores são ensinados que não precisam estudar, que tem que abandonar tudo e todos e se lançar no altar sacrificando sua individualidade em prol da vontade de Deus (igreja), para que possam ser usados por Deus e cumprir sua vontade.

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Eles então param de estudar, se tem negócios se desfazem deles, se tem bens materiais são doados como ofertas no altar da igreja, assim estes pastores passam a depender exclusivamente da igreja onde trabalham e se dedicam 24 horas por dia.

Sem férias, sem direitos trabalhistas, sem direito a opinião própria, sem estudos, sem experiência no mercado de trabalho, sem ter direito de visitar a família, sem direito de ter filhos, sem direito de casar quando quer, assim estes pastores se dedicam a amada igreja até que um dia percebem que sua vida não é controlada por Deus mas por um sistema religioso corroído pelo amor ao dinheiro.

Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.
1 Timóteo 6:10

QUANDO OS OLHOS SE ABREM

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Quando os olhos se abrem, estes jovens pastores mais tarde descobrem que a igreja para a qual ele tanto se dedicou,  se transformou num sistema religioso mesquinho liderado por homens gananciosos por dinheiro e poder, e que não tem nenhuma consideração por sua dedicação.

Mais tarde estes pastores descobrem que não são apenas servos de Deus, mas escravos de um sistema religioso ganancioso e sem amor, que os usa, os humilha, os pisa, os controla, afinal eles não tem para onde ir.

Sem estudos, sem profissão, longe da família, de todos os amigos, fora do mercado de trabalho por décadas, sem direitos trabalhistas, a instituição se sente a dona destes pastores e os controla de tal forma que eles não podem ter vida própria.

O pastor escravo não tem vida própria. Na sua grande maioria não pode casar com quem quer, não pode ter filhos, não pode ir para onde quer, não pode estudar, não pode ter bens materiais, não pode ter um emprego, não pode ter opinião própria, não poder ter direitos trabalhistas, não pode isso, não pode aquilo, só podem ser cobrados por resultados financeiros e obedecer à amada igreja, personificada nos desejos de seus lideres, esses sim podem tudo.

Os lideres que ensinam que estes pastores não podem ter nada, eles mesmos tem, e não é pouco. Bens materiais como carros importados, empresas, mansões, dinheiro em banco no Brasil e no exterior, salários exorbitantes, moradias luxuosas e tudo mais que poucos acreditam.

Ser pastor escravo, é pensar que serve a Deus por amor, por vocação, mas na verdade serve a uma instituição sem fins lucrativos apenas para ele, mas para seus donos é muito lucrativa.

Se o pastor escravo pensa em sair da escravidão, as ameaças são disparadas, as retaliações acontecem de diversas maneiras e a família é a primeiro alvo. Aqueles que vivem ou viveram esta situação sabem do que estou falando.

Esses pastores e obreiros escravos são usados para arrancar dinheiro do povo, são cabos eleitorais em época de eleição, são vendedores de livros de seus lideres, são mulas e buchas usadas em esquemas fraudulentos de propina ou lavagem de dinheiro.

CONFLITOS INTERNOS

Mas diante de tudo isso, aqueles que são sinceros, homens e mulheres  de Deus, entram em conflitos internos e não sabem mais o que deve fazer.

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Aí surgem pensamentos como estes em sua mente:

  • Será que posso viver fora desta igreja? Será que não serei amaldiçoado por “tirar a mão do arado”?
  • Como pode uma igreja onde conheci a Cristo, onde Deus me libertou, me fazer tão mal?
  • Será que perderei mesmo a unção ao sair da igreja?
  • Será que posso servir a Deus fora desta igreja? Será que os demônios que expulsei de tantas pessoas não me pegarão fora da igreja?
  • Será que estou sendo infiel a Deus por sair desta igreja?

Como ex-pastor escravo, tenho respostas para estas questões, perguntas que parecem ser fúteis para alguns, mas são legitimas duvidas de quem vive numa situação de escravidão exposta até aqui.

Sim existe vida fora de sua igreja. Não, você não será amaldiçoado e os demônios não entrarão no seu corpo por sair de uma igreja, você não perderá a unção. Sim você pode servir a Deus em qualquer igreja que você escolher e sim você pode ter sua própria vida e servir a Deus no altar.

Mas me faz um favor, não escolha uma outra igreja igual a sua!

Não, você não estará sendo infiel a Deus se sair da sua igreja e nem ingrato por todos os benefícios que você obteve dentro dela, isto é, se houve.

Primeiro que as bençãos e milagres quem faz é Deus e não a igreja, assim como a salvação vem de nossa fé em Jesus Cristo e não de uma instituição, segundo que a sua fidelidade a uma denominação não pode ser cega e inquestionável, porque se o próprio Deus não quer seguidores leais cegos mas sim com entendimento (Lucas 10.27) …

Terceiro, pense bem, se você for infiel e ingrato por sair da sua igreja, o fundador da sua igreja foi o primeiro a ser infiel, pois ele também saiu de outra igreja.

Sim, você pode ter uma vida feliz e abençoada servindo a Deus e curtindo sua família. Você pode servir a Deus e pregar o evangelho da salvação sem se preocupar em fazer sermões recheados com doutrinas da teologia da prosperidade para fazer uma boa arrecadação de ofertas.

Sim você pode ser não apenas servo de Deus mas filho de Deus, trabalhar não para uma instituição mas para a causa do evangelho, sem se estressar com as eternas cobranças de metas determinadas por homens que visam o lucro financeiro.

A igreja, digo a instituição com CNPJ, não é dona de ninguém, essa é uma denominação, igreja são todos os que estão em Cristo, estes formam o corpo de Cristo (Romanos 12:4-8; 1 Coríntios 12:12-31; Efésios 4:11-16; Colossenses 2:19).

Os pastores não podem ser donos das ovelhas, eles são, ou devem ser apascentadores, aqueles que cuidam das ovelhas do seu Senhor, que no caso é Jesus o sumo pastor. Esse sim,  é o nosso dono, Ele nos comprou com seu sangue.

LIBERTAÇÃO

Gerações inteiras de pastores escravos foram geradas. Muitos que entraram em conflitos, que se decepcionaram, que foram pisados, humilhados, amaldiçoados nem se quer conseguiram permanecer na presença de Deus.

Há aqueles que cometeram suicídios, outros se tornaram alcoólatras, uns drogados, outros desviados ateus que passaram a odiar qualquer igreja, há também aqueles que tiveram seus matrimônios desfeitos, famílias destruídas, vidas frustradas, sonhos perdidos…

O que nós cristãos temos que fazer diante de tudo isso? Temos que alertar, orar e amar estas almas que precisam de libertação. Não devemos julgar ou pisar a cana quebrada.

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Oremos para que Deus abra os olhos dos que estão cegos e dê força e coragem para que os pastores e obreiros escravos se libertem da escravidão e sejam pastores e obreiros livres para servirem ao reino de Deus.

Pr. Flavio Gabriel

P.S: Sou um ex-pastor escravo que  agora é um pastor livre, continuo sendo homem de Deus.

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Pastor Flávio Gabriel

Tem 50 anos, casado há 31 anos, pai de Israel Gabriel, com ministério pastoral há 29 anos, Bacharel em Teologia, Pastor auxiliar na Igreja Evangélica Vida com Vida em Nilópolis, RJ, Brasil, é Professor e Coordenador da EBD, Professor de Escatologia, criador do Seminário de Escatologia Bereiano, desenvolvedor de Apps e autor dos Livros: Igrejas Evangélicas que se Tornam Seitas Perigosas, OVNIs ETs e a BÍBLIA e Como Não Amar Esta Mulher? Tem como sua maior conquista sua familia.

2 thoughts on “Geração de pastores e obreiros escravos

  • Marcelly Oliveira

    Quando comecei a ler identifiquei traços da sua vida,e achei muito corajoso e digno a forma que expressou toda uma realidade negligenciada.Parabéns pois você e um homem de Deus com uma visão muito realistas do mundo,e com isso irá ajudar muitas vidas. Um beijo na família meu primo.

    • Pastor Flávio Gabriel

      Obrigado prima. Deus te abençoe tambem e sua familia.

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