A CURA DA FILHA DE JAIRO E A DA MULHER HEMORRÁGICA
ESTUDO BIBLICO DE MATEUS 9.18 – 26
Escrevi o presente estudo bíblico para lecionar na EBD de minha amada Igreja Vida com Vida em Nilópolis, RJ, e compartilho com você, amado(a) leitor(a) do Bereiano Sagrado, esperando que contribua para sua edificação.
Uma das melhores técnicas que muitas vezes uso para realizar um estudo sobre determinado trecho da Bíblia é realizando perguntas sobre o mesmo. Sendo assim, usarei das melhores perguntas que ao meu ver, podem ser feitas a respeito deste relato bíblico emocionante e que revigora a nossa fé.
QUEM ERA JAIRO?
Jairo era um judeu e chefe da sinagoga, o nome Jairo pode ser traduzido como: “Deus ilumina”. Ele tinha uma função importante e por isso era uma pessoa influente, possivelmente ensinava, aconselhava e instruía o povo consoante a Lei. Além disso, interpretava as Escrituras e conduzia a sinagoga na direção de culto, nas liturgias. Era um homem inteligente, estudioso e respeitado por todos.
O QUE APRENDEMOS COM A CURA DA FILHA DE JAIRO?
Aprendemos sobre fé e intercessão: Sabemos que a menina estava impedida de usar a sua fé porque ela estava morta e era uma criança, mas o seu pai teve fé por ela e buscou a Jesus no lugar dela, ou seja, Jairo deixou sua postura religiosa de lado que na época era contraria aos ensinamentos de Jesus, e intercedeu por sua filha ao se prostrar diante de Jesus. Isso teve um grande impacto, pelo fato dele ser chefe da sinagoga. Jesus atendeu seu pedido e curou sua filha, trazendo-a da morte. Aprendemos o poder da fé e da intercessão, principalmente a intercessão familiar. Nunca devemos deixar de interceder e orar pelos nossos familiares ou por aqueles que necessitam de cura, não devemos nos importar com as palavras negativas que muitas vezes são ditas para tentar minar a nossa fé:
“Não temas, crê somente” Marcos 5.36
QUAL ERA A DOENÇA DA FILHA DE JAIRO?
A Bíblia não relata qual era a doença da filha de Jairo, mas com certeza era grave ao ponto de leva-la a morte. Era uma doença ou um estagio avançado da mesma em que não havia mais esperanças de cura pela medicina da época, somente um milagre.
PORQUE JESUS DISSE QUE A MENINA ESTAVA DORMINDO?
Por dois motivos:
- Jesus ensinava a fé e por isso Ele vivia a fé, e pela fé ele enxergava a vida e não a morte, ao falar que ela estava dormindo, Ele estava afirmando pela fé que a menina estava viva dormindo e somente esperando que Ele a despertasse.
- Ao dizer que a menina estava dormindo Ele também estava cobrindo a família de Jairo das condenações dos fariseus, porque ninguém podia tocar um morto, porque quem tocasse um cadáver se tornava impuro e Jesus tocou na menina morta, pois após o milagre os fariseus iriam usar este episodio para difamar a Jairo e sua família.
O QUE APRENDEMOS COM A CURA DA MULHER COM HEMORRAGIA?
A mulher com hemorragia era uma mulher solitária e vivia na marginalidade devido a sua condição. Ela aparece na história no meio do caminho entre Jesus e a casa de Jairo, em meio a multidão. Pela lei mosaica, a mulher em seus dias de hemorragia era considerada impura, e impuro se tornava a todos que a tocassem, por tanto, sua condição deveria continuar em segredo, quando era descoberto ela era expulsa do local onde estava. Então significa que ela não poderia estar lá. Ela não tinha relacionamentos porque ninguém poderia se relacionar com uma impura. Ela não podia revelar publicamente a sua doença porque se não, seria condenada e ridicularizada, por isso que ela tocou em Jesus silenciosamente, e ao tocar nas vestes de Jesus, a mulher fez algo proibido, mas a sua fé era tão grande que tirou o poder de Jesus para curá-la. Ultrapassando as tradições da época ela alcançou seu milagre. Isso nos ensina a crer no impossível e pela fé atrair o poder de Deus, pois é somente a nossa fé que faz o poder de Deus se manifestar em nossas vidas. Pela fé podemos alcançar o impossível de Deus se tão somente crermos.
“Vai em paz, a tua fé te salvou” Mateus 9.22
O QUE A MULHER COM HEMORRAGIA TEM EM COMUM COM A FILHA DE JAIRO?
Apesar de serem pessoas totalmente diferentes, tinham 2 coisas em comum:
- Todas as duas portavam uma doença incurável;
- A mulher sofria 12 anos com uma hemorragia, era exatamente a idade daquela menina. Isso mostra o tamanho do sofrimento daquela mulher, eram 12 anos sofrendo a margem da sociedade, sem saúde e sem vida normal, sofria solidão, preconceito e se sentia inferior. Ao Jesus curar a mulher tanto quanto a menina de 12 anos, nos mostra o poder e compaixão de Jesus, que não olha idade, dificuldade ou posição social, Jesus cura, salva e liberta qualquer um que tenha fé Nele.
PORQUE O RELATO SOBRE JAIRO É DIFERENTE EM MATEUS DO LIVRO DE LUCAS?
Para compreender as diferenças nos relatos da ressurreição da filha de Jairo nos Evangelhos de Mateus e Lucas, é essencial considerar o contexto histórico, os autores e a finalidade de cada Evangelho. Embora as Escrituras sejam consideradas inspiradas e harmoniosas, é importante notar que cada Evangelho foi escrito para públicos e propósitos distintos, o que explica as variações sem indicar contradições.
Primeiramente, é relevante entender que Mateus e Lucas escreveram em idiomas diferentes e para audiências distintas. Mateus foi escrito originalmente em aramaico, voltado principalmente para judeus, e visava mostrar Jesus como o Messias prometido no Antigo Testamento, o seu autor, Mateus, foi um discípulo de Cristo, e por tanto, testemunha ocular de muitos dos seus feitos, era também conhecido como Levi. Ele era um coletor de impostos do povo hebreu, durante a dominação romana, quando foi chamado por Jesus Cristo para segui-Lo. O evangelho de Mateus foi provavelmente redigido entre os anos 80-90 d.C.
O livro de Lucas, por outro lado, foi escrito em grego, direcionado sua obra a gentios, com o objetivo de apresentar Jesus como o Salvador de toda a humanidade, o seu autor Lucas, não foi discípulo de Cristo, era um médico sírio de Antioquia que se converteu ao cristianismo através do apóstolo Paulo, é mencionado por Paulo nas Epístolas a Filemon, Colossenses e 2 Timóteo, ele foi autor também do livro de Atos dos Apóstolos, segundo a tradição, Lucas acompanhou Paulo até à sua morte em Roma. O Evangelho de Lucas foi escrito na segunda metade do primeiro século d.C.
Essas diferenças de público influenciaram o estilo, a escolha de palavras e os detalhes específicos apresentados por cada autor. Outra questão central é o propósito narrativo de cada Evangelho. Cada autor dos Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) seleciona eventos e enfatiza pontos distintos para transmitir verdades teológicas sobre Jesus. Em Mateus, a narrativa é mais concisa e enfatiza a autoridade e divindade de Cristo. Lucas, com um estilo mais detalhado e descritivo, foca nos aspectos de compaixão e na humanidade de Jesus, especialmente em sua interação com os necessitados e excluídos. Esses aspectos explicam algumas variações de ênfase, como o número de detalhes e o desenvolvimento emocional dos personagens envolvidos.
Para ilustrar, em Mateus 9:18-26, o relato é mais direto. Jairo, um líder da sinagoga, já afirma que sua filha está morta quando se encontra com Jesus, realçando o poder de Jesus sobre a morte, mesmo quando toda esperança parece perdida. Em Lucas 8:40-56, a narrativa é mais longa e emocionalmente detalhada; Jairo, inicialmente, afirma que sua filha está à beira da morte. No decorrer da narrativa, alguém chega com a notícia de que a menina morreu, enfatizando o impacto emocional do momento e permitindo a revelação gradual da fé de Jairo. Essa diferença não é uma contradição, mas sim uma variação narrativa para enfatizar diferentes aspectos da fé e da esperança.
Outro ponto de suprema importância é o estilo narrativo da época. A literatura antiga frequentemente resumida ou condensava certos eventos, uma prática comum nas biografias históricas daquela época. Portanto, Mateus pode ter omitido certos detalhes que Lucas escolheu incluir, como a mensagem intermediária sobre a morte da filha, sem que isso comprometa a integridade do relato. Em ambos os Evangelhos, o ponto central – a autoridade de Jesus sobre a morte e o milagre realizado – permanece intacto, confirmando a harmonia teológica entre os textos.
Ao considerar as diferenças entre os relatos de Mateus e Lucas, é importante lembrar que a diversidade de detalhes não contradiz a essência do evento ou o propósito espiritual do Evangelho. A inspiração divina permitiu que cada autor enfatizasse facetas únicas de Cristo e de seu ministério, permitindo que a mensagem de salvação fosse acessível a diferentes culturas e épocas, desta forma concluímos que não há contradição nenhums neste relato de Jairo nos evangelhos.
Autor: Pr. Flavio Gabriel