A CURA DE DOIS CEGOS EM MATEUS 9

A cura de 2 cegos – Estudo Bíblico para EBD

Mateus 9.27-30

Este estudo foi elaborado por mim para a EBD e é compartilhado aqui com os irmãos que desejam transmitir o mesmo conhecimento bíblico à sua igreja ou, simplesmente, aprofundar-se na Palavra de Deus.

INTRODUÇÃO

O episódio da cura dos dois cegos, narrado por Mateus em 9:27-30, será abordado em quatro partes essenciais. Antes de iniciarmos, é importante lembrar que Jesus estava em Cafarnaum, cidade que ficou conhecida como a “cidade de Jesus”, pois foi onde Ele passou a residir após deixar a Galileia. Foi também em Cafarnaum que Jesus iniciou seu ministério aos 30 anos.

Cafarnaum presenciou tantos milagres que Jesus proferiu palavras de repreensão à cidade:
“E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? Descerás até o inferno, porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, ela teria permanecido até hoje.”

Com isso em mente, avancemos para a primeira parte.

PARTE 1: OS DOIS CEGOS SEGUEM JESUS

Após sair da casa de Jairo, onde ressuscitou a filha dele, Jesus dirigiu-se, ao que parece, para sua própria casa. Durante o trajeto, dois cegos começaram a segui-lo, clamando por misericórdia. Embora o relato ocupe apenas um verso (27), isso não significa que o evento tenha ocorrido rapidamente.

Imaginem a dificuldade desses cegos: caminhar na escuridão, sem visão e, possivelmente, guiados pelo som da multidão que acompanhava Jesus. Não sabemos se eles perguntavam pelo caminho ou simplesmente seguiam o fluxo, mas é evidente que não foi uma jornada fácil. O que os impulsionava era a certeza de que Jesus poderia curá-los.

Além da dificuldade natural do caminho, os cegos precisavam disputar a atenção de Jesus com a multidão. Essa perseverança e fé inabaláveis chamaram a atenção do Mestre. Afinal, “sem fé é impossível agradar a Deus”.

PARTE 2: O CLAMOR: “FILHO DE DAVI, TENHA MISERICÓRDIA!”

O clamor dos cegos era especial. Eles não apenas pediam por misericórdia, mas também reconheciam Jesus como o “Filho de Davi”. Esse título era uma declaração pública de que eles criam que Jesus era o Messias, algo que confrontava os fariseus.

Mateus e Lucas reforçam essa conexão messiânica ao destacarem que José, pai terreno de Jesus, era da “casa de Davi” (Lc 2:4). Essa crença estava alinhada com as profecias, como em 2 Samuel 7:16, que afirmavam que o Messias viria da linhagem de Davi.

Além disso, os cegos acreditavam no cumprimento de Isaías 35:5-6, que profetizava:
“Então, se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos; os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará…”

Reconhecendo Jesus como o Messias, eles clamavam com fé e esperança, convictos de que apenas Ele tinha poder para curá-los.

PARTE 3: “TEM FÉ? ENTÃO SEJA CURADO”

“Tendo ele entrado em casa, aproximaram-se os cegos, e Jesus lhes perguntou: ‘Credes que eu posso fazer isso?’ Eles responderam: ‘Sim, Senhor!’”

Jesus provou a fé daqueles homens, deixando-os segui-lo até a casa para, então, questioná-los sobre sua crença. Ele destacou que a cura viria conforme a fé deles: “Faça-se-vos conforme a vossa fé.” (v. 29).

Essa lição nos ensina que, como Hebreus afirma, “a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se veem.” Os cegos creram antes de ver, e sua fé foi recompensada com a cura.

PARTE 4: O SEGREDO DO MILAGRE

Após sua rejeição como Messias, Jesus mudou a forma de ministrar. Antes, os milagres serviam como sinais para os judeus, demonstrando que Ele era o Salvador prometido, e não havia necessidade de fé. Após a rejeição, os milagres passaram a ser realizados pela fé, exigindo que as pessoas acreditassem primeiro.

Antes, Jesus permitia que os milagres fossem divulgados, mas, após a rejeição, Ele pediu que fossem mantidos em segredo (Mc 8:30; Lc 9:21). Da mesma forma, Ele deixou de ensinar diretamente e passou a falar por parábolas, para aqueles que o rejeitavam não compreendessem claramente (Mt 13:34-35).

CONCLUSÃO

Jesus permanece o mesmo: vivo e operando milagres e maravilhas. Assim como os cegos precisaram seguir Jesus com fé, mesmo sem vê-lo, nós também somos chamados a crer antes de ver.

Embora nunca tenhamos visto Jesus fisicamente, devemos acreditar que Ele é nosso Salvador e que tem poder para realizar o impossível. É a nossa fé que chama a atenção de Deus, e, com ela, devemos clamar por Sua misericórdia diariamente.

Autor: Pr. Flávio Gabriel